AULA 5 - AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA DE ESTUDANTES COM AH/SD

Você sabe como realizar a avaliação pedagógica para estudantes com altas habilidades/superdotação? Venha conosco nessa aula e compreenda as fontes de informação e saiba mais sobre os instrumentos que podem ser utilizados para a coleta de dados e realização de relatório de avaliação pedagógica escolar. Bons estudos!


5.1 Introdução

Para que possamos realizar a identificação do estudante com suspeita de AH/SD, precisamos realizar uma sequência de procedimentos, que devem incluir etapas bem definidas e instrumentos apropriados, que combinem avaliação formal e observação estruturada no espaço escolar, permitindo avaliar os conhecimentos, os estilos de aprendizagem e de trabalho do estudante. Esse processo contínuo deve permanecer, mesmo após a implantação de algum tipo de atendimento diferenciado (GUIMARÃES; OUROFINO, 2007).

Um estudante com suspeita de AH/SD pode ser avaliado de duas formas, que se tornam complementares.


5.2 Avaliação Psicológica

A primeira delas refere-se à AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, realizada por um profissional psicólogo, preferencialmente, especializado na área. Esse profissional fará uma avaliação compreensiva, procurando analisar dados a partir da entrevista com a família, observação do estudante, aplicação de testes psicológicos, conversa com a escola e outros recursos que lhe forem pertinentes. Geralmente, este tipo de avaliação se faz imprescindível apenas para realizar a aceleração de estudos em que é necessário investigar se o estudante terá maturidade para acompanhar os colegas de faixa etária superior.

É importante observar, ainda, que essa avaliação não é imprescindível para que o estudante seja declarado superdotado e seja cadastrado no Censo Escolar, bem como receba o enriquecimento curricular, conforme posicionamento do Conselho Brasileiro de Superdotação, que pode ser consultado em: https://conbrasd.org/servicos.php


5.3 Avaliação Pedagógica

Imagem Responsiva

Figura 5.1 - Fontes de informação para a avaliação pedagógica


Observe que envolve vários elementos:

  1. Produções e notas do estudante, registradas no boletim escolar;
  2. Observação dos educadores das demais disciplinas levantar as percepções dos educadores de outras disciplinas.
  3. Observações do comportamento do estudante no contexto escolar, em diversos espaços. Observar como o estudante faz uso da escola e se relaciona com colegas, educadores e demais pessoas.
  4. Indicação dos colegas de turma é uma alternativa a ser utilizada no processo de identificação do estudante com altas habilidades/superdotação (RENZULLI; REIS, 1997), porém pouco explorada. É possível perguntar aos estudantes de uma classe: Quais são os estudantes de sua turma que sempre têm muitas ideias boas? Quais são os estudantes de sua turma que desenham muito bem? Quais são os colegas que são muito bons em Matemática? Quais são os colegas de turma que sempre têm ideias diferentes? Em sua sala de aula, quem você pediria ajuda em seu dever de casa de Ciências? Em sua sala, quem você considera o melhor esportista? Músico? Escritor? Em sua sala de aula, quem tem mais senso de humor? Em sua sala, quem é o melhor estudante?
  5. Autoindicação é uma estratégia também pouco utilizada, porém o seu uso tem sido especialmente encorajado no processo de identificação de estudantes com altas habilidades/superdotação do ensino médio, provenientes de área rural ou de nível socioeconômico desfavorecido (FREEMAN, GUENTHER, 2000). Em um formulário de autoindicação, o estudante aponta as áreas em que ele julga que apresenta alta habilidade ou talento, descreve projetos e/ou atividades desenvolvidas por ele que ilustram seu desempenho superior na área, lista livros que ele leu relacionados a sua área de interesse, justifica seu interesse em participar de um programa especializado, descreve hábitos de leitura, áreas de interesse etc.
  6. Entrevista com a família constitui também uma excelente fonte de informações que não pode ser negligenciada no processo de identificação do estudante com altas habilidades/superdotação. Os pais podem ser solicitados a indicar atividades, na escola e fora do contexto escolar, que seu filho gosta de realizar, descrever características, áreas de interesse e de destaque do filho, relatar o processo de desenvolvimento de seu filho ao longo dos anos (por exemplo, quando aprendeu a andar, a falar, a ler, a escrever etc), comentar sobre relacionamento do filho com membros da família e colegas, descrever o desempenho escolar do filho e seu envolvimento com as tarefas escolares. Renzulli e Reis (1997) apresentam uma lista de características do estudante a ser respondida pelos pais durante o processo de identificação. Trata-se de uma escala em que os pais avaliam a frequência do comportamento ou situação listada, além de apresentar exemplos que se aplicam a seu filho. Exemplos de itens são:
    1. Meu filho gasta mais tempo e energia que seus colegas da mesma idade em um tópico de seu interesse.
    2. Meu filho estabelece metas pessoais e espera obter resultados do seu trabalho.
    3. Meu filho continua a trabalhar em um projeto, mesmo quando este apresenta problemas ou os resultados demoram a surgir.
    4. Meu filho sugere maneiras imaginativas de se realizar atividades, mesmo que as sugestões não sejam, algumas vezes, práticas;
    5. Meu filho usa materiais de forma original.
    6. Meu filho gosta de brincar com ideias, imaginando situações que provavelmente não ocorrerão.
    7. Meu filho acha engraçadas situações que normalmente não são consideradas engraçadas pelos colegas de sua idade.
    8. Meu filho prefere trabalhar ou brincar sozinho ao invés de fazer alguma coisa apenas para fazer parte de um grupo.
  7. Inventários e questionários específicos, como, por exemplo, o questionário desenvolvido por Zenita Guenter denominado Indicadores de Observação em sala de aula, em que o educador é convidado a indicar dois estudantes de sua turma que possuam características representadas pelas questões nele formuladas e a Lista Base de Indicadores de Superdotação – Parâmetros para observação de estudantes em Sala de Aula (Forma Individual) criado pela Dra. Cristina Maria Carvalho Delou.

O educador, muitas vezes, se sente inseguro, mas ele tem a possibilidade de observar o sujeito em diversas situações escolares e de trabalho, que dão pistas sobre suas habilidades e talentos e, segundo Gagné, é capaz de “detectar sinais de talento nas crianças” (GUENTHER, 2006, p. 57), no entanto, deve ser orientado e capacitado, para refinar seu olhar.

Vale ressaltar que, mesmo durante o processo de identificação, a escola pode oferecer estratégias de ensino diferenciados, que estimulem o desenvolvimento do estudante. Isso pode ocorrer por meio da oferta de atividades enriquecidas e aprofundadas sobre a disciplina ou tema que o estudante tem mais interesse ou facilidade. O estudante também pode ser convidado (e pode não aceitar) para ser um monitor da turma, auxiliando os demais colegas naquela disciplina em que ele tem maior domínio.

Essa nomeação do fenômeno se faz importante, pois “emocionalmente, o indivíduo precisa de confirmação externa sobre o que sente internamente e quer nomear: que é diferente”. A partir daí, será preciso criar uma série de condições educacionais que possibilitem seu desenvolvimento. (CUPERTINO; ARANTES, 2008, p. 14).

Para saber mais sobre o processo de identificação de estudantes com AH/SD, leia o Capítulo 4 “Estratégias de Identificação do Estudante com Altas Habilidades/Superdotação”, disponível no livro “A Construção de Práticas Educacionais para Estudantes com Altas Habilidade/Superdotação”, no volume Orientação a Professores.

Consulte também o instrumento “Lista base de indicadores de superdotação - parâmetros para observação de estudantes em sala de aula”. Este instrumento poderá ser utilizado para mapeamento da sua turma.



Ballerina - Um filme de 2016, em que é possível ver a importância do potencial e de um ambiente que permita o desabrochar do talento. Além disso, é possível notar a importância do trabalho duro para o alcance dos objetivos.


Ao finalizar esta aula, cabe refletir que, a avaliação pedagógica não encerra o processo com o estudante com AH/SD, na verdade, ela se constitui no primeiro passo, pois a partir dela, serão definidas, conjuntamente com o estudante e a família, as melhores estratégias de atendimento. Você estudará sobre elas nas próximas aulas. Até lá!


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